Vídeo de Acidente: Como a Perícia calcula velocidade pelas câmeras?

Interface de software de fotogrametria forense analisando vídeo de câmera de segurança (CCTV) de um acidente de trânsito com um carro branco, mostrando grade de medição, coordenadas e marcadores de velocidade.

Categoria: Perícia em Acidentes de Trânsito | Reconstrução Forense
Autor: Eng. Carlos Eduardo Bruxel

Introdução: O Vídeo “Fala”, mas a Física “Traduz”

Com a proliferação de câmeras de segurança (CFTV) e celulares, é raro um acidente de trânsito hoje que não tenha algum registro visual.

Para advogados e partes envolvidas, o vídeo parece a “prova absoluta”. Porém, aos olhos de um Engenheiro Forense, o vídeo bruto é apenas o começo. Ele pode enganar devido a ângulos, distorções de lente e taxas de quadros (FPS).

Recentemente, a Bruxel Perícias atuou em um caso de atropelamento onde a chave da questão não era se o carro bateu, mas como ele se comportou antes do impacto.

O Caso: Toyota Etios vs. Pedestre

O acidente ocorreu em uma faixa de pedestres com semáforo. As imagens mostravam o veículo arrancando assim que o sinal abriu, atingindo o pedestre que terminava a travessia.

A defesa alegava que foi um acidente comum de trânsito urbano. A acusação precisava provar que houve imprudência agressiva.
Como transformar essa percepção subjetiva (“ele saiu rápido”) em um dado matemático irrefutável?

A Técnica: Fotogrametria e Análise de Quadros

Utilizamos a Fotogrametria Forense. Em vez de apenas assistir ao vídeo, nós o decompusemos quadro a quadro.

  1. Mapeamento: Identificamos pontos fixos no asfalto e medimos as distâncias reais no local.
  2. Cronometragem: Analisamos o tempo entre cada frame do vídeo.
  3. Cálculo de MRUV: Aplicamos as leis do Movimento Retilíneo Uniformemente Variado.

A “Bala de Prata”: Aceleração de 2,6 m/s²

Os cálculos revelaram um dado que o olho nu não via.
O veículo percorreu 4,25 metros em apenas 1,27 segundos.

Isso resultou em uma aceleração média de 2,6 m/s².
Para contextualizar: uma arrancada suave e prudente em perímetro urbano gira em torno de 1,4 m/s².

A Conclusão Técnica:
O motorista impôs ao veículo uma aceleração 85% superior ao padrão de cautela. Isso transformou o argumento de “mero acidente” em uma evidência técnica de arrancada brusca e falta de avaliação de risco, caracterizando a imprudência grave.

Por que Advogados precisam de Perícia em Vídeo?

Muitos processos são perdidos porque o advogado e a sua parte confiam apenas na “impressão visual” do vídeo. O juiz pode não se convencer.

Mas quando você entrega um Laudo Técnico que prova matematicamente que a velocidade ou aceleração era incompatível com a via, a discussão deixa de ser “opinião” e vira “ciência”.

Se você tem um caso de acidente com registros de vídeo (Câmeras de Segurança, Radares, Celulares), não deixe essa prova subutilizada.

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Nota de Transparência: Este artigo baseia-se em um caso real do acervo da Bruxel Perícias (Caso Toyota Etios). Detalhes identificadores foram omitidos ou alterados para preservar o sigilo judicial.

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